A peça "A ordem do mundo" foi um espelho. Eu não teria tanto equilíbrio nem tanto orgulho de sapatos vermelhos com salto de 20 cm, não poderia me chamar de loura radiante, não estou tão em forma como Helena a única personagem da peça. Não tenho mais ilusões com o "poder", mas não abro mão do meu lugar. Ainda não tomo anuladores ou tomo? Fico tão deseperada por causa da minha filha e por amores fracassados quanto Helena. E inclusive, como ela, tenho a capacidade de esperar um telefonema de Pedro, que tem a capacidade de não me ligar. Também sou uma chata a citar filósofos, cientistas sociais, discutir Kant e suas três questões: o que posso pensar, o que posso fazer e o que posso esperar. Não obstante a encenação parecer uma conferência, há pessoas assim, eu sou meio assim. E também falo sozinha.
Helena procura em vão a ordem do mundo em jornais (é o seu trabalho), faz fórmulas, elabora categorias. Mas não há categorias disponíveis. As designadas se embaralham a todo momento. Em conclusão tal como o monge budista, constata-se que não há ordem no mundo, pois se não conseguimos enxergá-la é o mesmo que não haver.
Texto da peça : Patrícia Melo Direção: Aderbal Freire Filho Elenco: Drica Moraes
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