"Acima de tudo, sua visão do luto foi determinante na crença de Freud no trabalho. O trabalho manda um chamado de convocação de volta ao mundo, fora da história emocional daquele que trabalha. Quando se atende a esse chamado, o moral é recuperado, na forma de energia pessoal; levanta-se um peso fisiológico e psíquico ao mesmo tempo. Em vez de prometer “bem-estar”, o trabalho promete um novo engajamento. Mas não se trata de um novo engajamento social: os atos cooperativos em si mesmos não têm grande importância no pensamento de Freud.
"Poderíamos encarar o luto como uma espécie de conserto. Os tipos de conserto explorados no capítulo 7 podem esclarecer melhor essa ideia. Freud não encarava os traumas de uma vida da mesma maneira que um restaurador de porcelana encararia um vaso quebrado."
Sennett, Richard. Juntos: Os rituais, os prazeres e a política da cooperação (p. 324). Record. Edição do Kindle.
"O depressivo que quer reatar com a vida cotidiana sabe que não poderá simplesmente fazer recuar o relógio. Esta noção se aplica a qualquer refugiado que tenha sobrevivido bem no exílio — em luto pelo passado, com certeza, mas fugindo ao controle férreo da nostalgia, para usar a expressão de Hannah Arendt, e assim construindo uma nova vida em outro lugar.12 Teologicamente, Adão e Eva sabiam que não poderiam voltar ao Jardim do Éden. O luto, assim, é uma reconfiguração que vem de dentro." (from "Juntos: Os rituais, os prazeres e a política da cooperação" by Richard Sennett)
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