julho 23, 2009

A dieta do pensamento

N a leitura do livro “A cozinha do pensamento” de Josep Munoz Redón encontrei algo de estou necessitando muito, tanto no que diz respeito ao corpo quanto à mente. Um conselho de Soren Kierkegaard sobre uma dieta de baixas calorias.
“Quando um homem tem a boca cheia de comida, impedindo-lhe comer (...) como se conseguirá fazê-lo comer: enchendo-lhe a boca ou tirando um pouco de comida? Do mesmo modo, quando um homem sabe muito, quando sua sabedoria tem nenhuma importância para ele ou age como se não se importasse nem um pouco, o que é razoável: levar-lhe mais conhecimento ainda, (...), ou tirar-lhe um pouco?”
Redón diz que a dieta do pensamento recomenda assim, que não comer é a única maneira de continuar comendo. Com a boca cheia não se pode comer, assim como com o cérebro embutido de idéias não se pode pensar.
Kant diz algo semelhante, sobre a necessidade da pausa: “A mente se nega, de certo modo, a continuar trabalhando, mas permite ocupar-se de outras coisas. Perceber isso é parte da dieta do pensamento”.
A cozinha do pensamento: um convite para compartilhar uma boa mesa com filosofos. Josep Munoz Redon. Ed. SENAC

julho 14, 2009

Avulsa(s)

Avulsa social, prisioneira institucional, perdida profissional, escrava do tempo real, caótica organizacional, carente afetiva, mãe que deve tempo, atenção. Culpada. Devo muito mais a mim mesma do que ao cartão de crédito e ao banco (certamente esta conta não vou acertar)... Trabalhadora procrastinante, adiando a tarefa mais importante em função das rotinas emergentes, adiando o amor, adiando a viagem dos sonhos, adiando a leitura programada, a pesquisa necessária, adiando recomeçar, adiando as entregas...

Nas missões jesuíticas (séc. XVI-XVII) as mulheres não podiam ficar avulsas, foi concebido um edificio especialmente para elas. Uma das aplicações do panóptico de Benthan era "abrigar" mães solteiras, tal como prisioneiros(as)...

julho 10, 2009

Todo anjo é terrível


"Todo anjo é terrível. Mesmo assim - ai de mim - vos invoco, pássaros quase fatais da alma sabendo quem sois."(...) Rilke
“É preciso conceber ou imaginar como voa e se desloca Hermes, quando ele transporta as mensagens que lhe confiam os deuses – ou como viajam os anjos. E, para tanto, escrever os objetos que se situam entre as coisas já observadas, espaços de interferência (...).
Esse deus ou esses anjos passam no tempo dobrado, daí surgindo milhões de conexões. A preposição ‘entre’ sempre me pareceu e continua parecendo para mim uma preposição de importância capital” Michel Serres