abril 22, 2009

Envelheço na cidade

Quando Deus me fez não nasci de uma costela de macho, nem nasci dos órgãos de meu pai jogados ao mar, provavelmente nasci de sua dor de cabeça que foi obra da minha mãe.
Assim não nasci predestinada a ser par de homem nenhum, sabendo que não seria nem escolhida nem bela, fui à minha a guerra particular, fui a universidade e nunca sai de lá: “eu sempre fui jovem”.
É uma espécie de clausura essa, aonde está o lado de fora? a porta aonde está? que não acho ...
“Envelhecer na cidade” é uma tarefa penosa, mas não vou ser jovem para sempre, este é um bom momento para encarar a vida...

abril 18, 2009

meu caderninho de vergonhas


É uma música do Duo Moviola... não tenho coragem de expor publicamente,,, Mas confesso, como se já não soubessem tudinho por ai...

Meu caderninho de vergonhas tem uma lista interminável de porres e ressacas (...). Tem um monte homens mal beijados (a cada 3 anos), desempenhos sexuais vexaminosos, vergonha, ilusões amorosas, reclamações chorosas, eu no papel de vítima, mal-entendidos, auto-piedade, dinheiro jogado fora, comida desperdiçada, energia desperdiçada, desorganização, enganos, negócios mal feitos, interpretações equivocadas, ações atabalhoadas, camas alheias que nunca devia ter deitado, convites que eu devia ter recusado, convites que eu devia ter aceitado, homens errados, amigos jogados fora, palavras que devia ter dito e não disse, palavras desnecessárias, projetos falhos, crenças ideológicas, manipulações, armadilhas em que cai sabendo, histerias, tergiversações, digressões em excesso, esperanças vãs ...

abril 04, 2009

carta a um ex amor

Esscrita em 22 de fevereiro de 2008

O que pode gerar uma carta a um ex amor, a quem recorda as suas delícias inesquecíveis? Era uma carta meiga sim, sem intenções explicitas inicialmente, apenas se comunicar. Mas em desespero contido, sim aspirando uma definitiva ruptura, secretamente rogando indiretamente ao deus destino que alijasse daquele sentimento cada vez mais inominável e fugaz.
É plausível se dialogar sobre o fim? se reflete sobre o fim? que finalidade? Não seria melhor simplesmente seguir em frente sem mergulhar a calda do rio quase no fim da travessia? Infortúnio? Olhar pra trás e virar estátua de sal. Para que prorrogar um mal estar? Há males que vem para o bem.

O pior é ter as palavras distorcidas. Ou eu não sei mais escrever ou ele não sabe ler, das duas uma, apenas uma. "Não coloque palavras na minha boca, nem mulheres na minha vida nem maridos e esposas" uma letra que faz sentido para mim.

No fim depois do diálogo inteiro tenho agradecimentos a fazer: a bruxa Ana pelos florais que deram eixo e visão extra (seja lá o que eu vi); a minha mãe pelas orações e pragas; ao I ching pelo conselho-aviso sobre eu estar caçando no campo errado; e principalmente estou grata à ilusão de ter visto a pomba gira rondando o cara e ter fugido covardemente.

Agradeço também ao destino por não ter ido a uma certa festa em dezembro, preferiria entrar no ninho de najas. Agradeço ter tido juízo e ter saído sempre na hora certa da sua companhia; a solidão me cai bem. Agradeço também as mulheres que por último se tornaram suas companheiras que me livraram do seu ego vaidoso e presunçoso, dos seus equívocos reincidentes. Elas me livraram, especialmente, de te achar engraçadinho que cansaaaa demais.

As vezes suas saídas eram geniais, mas eram muito raras, raras demais para apostar em segurar vela, que idéia descabida!!! Prefiro segurar um fio desencapado,,, Pare de se achar, rapaz.

Respiro agora livremente, em meu sorriso não pesa a saudade e nem a inveja. A solidão me cai bem... Doravante não vou perder mais meu tempo nem tomar ou desperdiçar o dele também, pois ninguém merece.

Me torno doravante uma máquina celibatária involuntária até que outro engraçadinho apareça...

visite comunidade no orkut: celibatários involuntários

abril 01, 2009

Aqueles belos olhos se tornariam braços?

Foi então que eu esqueci esta história de matar (e esqueci). Decidi fugir... No caminho, encontrei um homem muito moreno de olhos claros, bonito ele era. Meus olhos reconheceram reciprocidade, assim como meu corpo. Mas algo aconteceu e a gente se perdeu.
Aqueles belos olhos se tornariam braços? Lábios? Fluidos? e pernas?
Mãos de outros, muitas mãos tentaram me prender, mil mãos e braços me abafando. Sou descrente de quem me prende quando estou de passagem ou quando quero pensar. No meio disso, não estou realmente livre ...no entanto não tenho aonde me sinta acolhida, não tenho lugar. Durmo toda noite no sofá, acordo de madrugada. Perdi o sorriso que eu tinha readquirido, perdi um pouco o rumo, mas eu sei...


Disse Baudelaire a sua passante;

"(...) olhar me fez renascer de repente, Só te verei um dia e já na eternidade?
Bem longe, tarde, além, jamais provavelmente! Não sabes aonde vou, eu não sei aonde vais, Tu que eu teria amado - e o sabias demais!